terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Mato molhado (A sensação da dor no escuro, depois da chuva...)


Palavras e o vento
se desperdiçam, num vocabulário
sinfônico,
solitário
decadente
e imaginário...

Conversas não tidas
e havidas como espertas,
ágeis
e flácidas,
como o som de minha pele.

Enegrecida, a língua
plácida e púrpura
decanta
os dias, como se fosse coerente
e perfeito, o cabível
e inóquo
pertencer à espera insofismável
do milagre diário
de se querer ser livre, à escolha de qualquer caminho...


Então lápis e giz de cera
colorem paredes, papéis
e camisas de seda branca.
Para que não haja, na inocência
infantil do olhar;
qualquer sombra de incertezas
na autoria...

Desmanchamos o véu da noiva,
afiançando-nos como presentes
em todos momentos, desde que que nos chamem
com antecedência
qual eclipse
ou Carnaval, qual elipse (gram ling num enunciado, supressão de um termo que pode ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico ou pela situação (p.ex.: meu livro não está aqui, [ele] sumiu !).
Giocondas, se escondem
detrás dos armários, embaixo dos lençóis
e acima dos retalhos, revelando-se em linhas tênues
como se fossem deusas
do amor menor, mal pago
bem quisto e desejado
num dia de folga; Normal...


Voltamos de trás pra frente
votamos, por um melhor
Carnaval.


Motocicletas voadoras


O Menu nos apresenta um vasto cenário de opções
a todos os gostos, pra todas as dúvidas
e dívidas, divididas no cartão
ou boleto, conforme queiram
ou de acordo com a hora da aquisição...


Nos bastará a escolha, tão dolorosa
e tão gentil, de apertar as teclas certas
do mesmo jeito errado de sempre, pleito após pleito
“pleito
substantivo masculino
  1. 1. questão judicial; litígio, demanda.
  2. 2. defesa de pontos de vista contrários; questão, discussão.
  3. 3. escolha, por sufrágio, de pessoa para ocupar um cargo, um posto ou desempenhar determinada função; eleição.
    "p. eleitoral"
  4. 4. ant. ajuste formal; pacto, combinação, acordo.”
De todo modo, continuamos a ser nós mesmos,
mais calejados, mais absurdos e inglórios
nesta jornada de lidas...
lida
substantivo feminino
  1. 1. ato ou efeito de lidar.
  2. 2. esforço fora do comum; labuta, faina.
A qualquer momento, mais um carro lançado no espaço
buscando alcançar as estrelas
tomando forma e função de outro “ser”
metálico, aos cuidados de um louco inocente
qual anjo, imaginando ser santo
por tocar, o limiar do que é ceu...

Envolto em tantas cachaças
chora, geme e acha graça;
palavras sérias, pesarosas
soam como verso e prosa
como se a vida; valesse mais que há nos copos.

Eis que ali, eu me importo
com tanta falácia sofrida
e tantos discursos vazios
mais que taças e o vinho barato
molhando a sola dos pés...

E a vida, nos deixa recados
na parede, no espelho da sala
no quarto, no banheiro.
Mas; não os olhamos, se olhamos nos vemos
e o narciso, como sempre calado
e faz na tela, uma selfie
até linda, mamãe diria..

Enquanto osso, o resgate está a caminho
e no meio das trevas
ela espera
e nove meses se passam;
passa a vida
passatempo
de euforia
ao medo.

O puro pavor
da confusão
e o escuro...

Humanize algumas caras no espelho...

Porcos, desenhando abelhas no esterco….
Esperneando esperanças, de que não venha o machado
não venha a foice, não venha o velho
e enfadonho fim de sempre.

Que seja novo; Que seja bom,
bonito e agradável;
que seja o mesmo diferente
de sempre. Discursando o que mais gostamos
(E nem mesmo sabemos, o quê…)

Maconheiros; São tantos
que até sinto vergonha
de mim, tão falso
moralista. De um conceito inexistente
inacabado, incoerente
inconcebível
a qualquer esquina que se olhe…

Então; Somos os porcos.
E as abelhas, cada dia mais desenho
animado, lembrança
desejo, que não se acabem
que polinizem, onde não há mais jardins e nem flores

www.dicionarioinformal.com.br/polinizem/
O que é polinizem - polinizem é uma flexão de polinizar: (lat pólini+izar) vtd Levar o pólen das anteras para o estigma da flor; praticar a polinização §

Que não mais colhemos, por que não plantamos
agente compra; sabe-se lá de onde
de quais mãos;
se cultivam abelhas por nós
por que lhes damos dinheiro…

Afiançamos a todos, parcelas de nossas vidas
querendo tê-las em troca de aspectos
e linhas de pensamento.
Enquanto desordenadamente, tentamos aparecer
mais e mais; na tevê, nos jornais
seja onde for.

Somos importantes!
Seremos importados, na Dinamarca, Venezuela e Holanda,
aonde for mais barato
Que abelhas e Porcos...


Nos idos dos anos 70...Nascemos!

Assitia a poucos momentos, momentos meus, seus, de alguns de nós;
e todos os nós, que nos atam, que nos afiançavam uma época coerente, difícil
condizente e até conivente, com a realidade de então..

Desmistificada, rebuscada e eternizada, em nossas memórias;
Pelo futuro daquele passado, que em nada se parece com o tempo datado de hoje, de amanhã
e depois…
E depois?
Reescrever-nos menos modernos?
Ou, reinventaremos a história
do ontem, com novas texturas, velhas palavras
deste texto gasto, dilacerado pelas mulheres do morro
que se sujeitam ao lodo
e a lama;
Em busca da fama instantânea e fugaz
de poder dizer o que é certo, escrevendo na página errada?

Insistia em acreditar, que seríamos capazes de tentar
outros caminhos, escolhendo gente como a gente
para libertar-nos do trono…

Teimosia tola; Mães, maridos e filhos do morro, escolherão migalhas
como se fossem ouro, por que adoram entregar diamantes
e palácios, pelas tais migalhas
por que são ensinadas na cartilha do “pouco com Deus”.

E Deus, onde está?
Todos perguntamos, mesmo cientes das várias respostas
que nos foram apresentadas
e teimamos diligentemente
Ignorar…


Tolos; Quanto o somos, fantasiando carnavais
e cavalgadas, eleições e comissões
Parlamentadas,
Pautadas na mentira do voto…

Então.
Vote.
Conforme disseram
no Rádio, na Tevê
nos impressos.
É mais decente, mais belo, mais promissor...

Como ficamos datados, previsíveis.


O Cenário

...

 As luzes espocam no céu e no chão, ceifando de vidas e as próprias vidas, por que o misto de raiva e medo controlam a violência, que não é dama nem fera; É condição...

Paris e seu Bataclan (Ou lá o que seja!) não tiveram tempo de se importar, ou mesmo exportar as cores da água barrenta de Mariana, por que a Vie en Rose não possui mais poesia, amor ou qualquer magia, possui cores de gemidos, soluços e pranto.

Eddie Vedder foi quem deveria ser naquele palco, por que assim foi transformado no passar dos anos, uma necessidade de clamar e fazer frente, ao silêncio que estava entre os gritos e a corte, que agora lança granadas e verbos para serem vistos e sentidos, a qualquer tempo e modo, na mesma direção.

E, agora é tarde?

Quem sabe, depois de Deus?

Os profetas alertaram demais, mas demais mesmo; mas como eram e foram tratados como sábios, ninguém escutou. E agora, queremos ouvir antes que seja tarde; porém as trevas anunciam a verdade que anoiteceu sobre a gente, não temos muito tempo mais para buscar a montanha.

Já se passou um ano, dos possíveis 10 que levaremos; Para ver a natureza retomar de nossa estupidez e ganância, aquilo que lhe tomamos...

Tragédia em Mariana: Uma ferida que levará 10 anos para cicatrizar de vez

Especialistas estimam tempo para a natureza se regenerar após rompimento da barreira. Na Região Serrana do Rio, a tragédia mudou o mapa.

Os Sons da Vida...

 O Carnaval mudou seus significados;

Em mim, em você, naquela criancinha na calçada,, levando diligentemente a sacolinha de pão, apressada, receosa por cada esquina, cada olhar sobre ela, inclusive o meu, o seu, de todo mundo...
Por que; hoje o mundo tem tons estranhos, todo mundo é estranho. Mesmo do lado de dentro de casa, onde as asas são fechadas, em forma de escudo.
 A cada uma que passa por nós, imaginamos que a vida já teve sons diferentes do medo estampado que hoje vivemos, sem compreender a fundo, suas dimensões.

E por mais estranho que me sinta, tento o normal, o coerente e cabível. Mas não posso...
Minhas asas me impedem e se fecham, instintivamente tentando me proteger do medo alheio, do meu medo e outros medos, compartilhados de maneira insistente, à guisa do que nos vendem o rádio, os impressos e a tevê...Deus, como isso dói!

Precisamos nos encontrar (Em local seguro) trocar palavras, olhares e canções que nos remetam à uma zona de conforto melhor que esta, tão rodeada de silêncios nervosos e ameaçadores. Eles não nos pertencem! Não nos sujeitamos a ladear com o inimigo, somos dotados da energia rela e necessária dos seres livres, libertos das correntes deste medo...

Não por que desatados dos nós da servidão à maldade, sim por que não nos sujeitamos à servidão e comportamento escravo, dos que escolheram viver à margem de nossas vidas, deixando de lado valores iguais aos que nos forma propostos, quando iniciávamos nossa jornada de vida; buscando o "pão nosso de cada dia", com a sacolinha na mão, com medos menores e menos inquietantes que os de agora...

Ao som das mesmas canções,de um outro tipo de Carnaval.